No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado nesta sexta-feira (3), o programa ‘Diário da Manhã’, da Rádio Assembleia (96,9 FM), entrevistou o jornalista Ed Wilson Araújo, professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e presidente da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias do Maranhão (Abraço/MA).
Na descontraída conversa com o apresentador e jornalista Ronald Segundo, Ed Wilson Araújo destacou que é importante distinguir liberdade de expressão de liberdade de imprensa, que são conceitos que se aproximam, mas que, ao mesmo tempo, têm uma fronteira que os distingue.
“Todos nós temos o direito de emitir opiniões, contanto que, ao fazer isto, não se ofenda as pessoas. A liberdade de imprensa, por sua vez, é uma conquista da Constituição de 1988 porque é a Constituição Cidadã, democrática. Esses dois conceitos, no Brasil, estão ancorados no movimento de resistência à Ditadura Militar, que desemboca no processo de redemocratização”, esclareceu.
Ed Wilson Araújo advertiu que, quando se trata de debater esses dois conceitos, precisamos percorrer o fio da história.
“Essa demarcação histórica é fundamental. O conceito de liberdade de expressão tem uma profunda fundamentação filosófica. Thomas Paine, Thomas Jefferson e John Stuart Mill foram estudiosos e filósofos que defenderam com ênfase a liberdade de imprensa, o direito de imprimir. Devemos a luta árdua e defesa intransigente do direito à liberdade de imprensa, principalmente, a esse triunvirato de intelectuais”, explicou.
Marco regulatório
Segundo o jornalista, liberdade de expressão e liberdade de imprensa são direitos democráticos e civilizatórios conquistados ao longo da história que precisam ser permanentemente cultuados e defendidos. “A instituição imprensa é uma conquista da democracia e é fundamental no processo civilizatório”, frisou.
Para Ed Wilson, diante da terra arrasada em que se tornaram as plataformas digitais, é preciso que se defina um marco regulatório para as redes sociais. “Assistimos, hoje, a uma invasão violenta de conteúdos corrompidos que trazem prejuízos à sociedade e que ameaçam a democracia. O conceito de liberdade não pode ser corrompido. Temos que usar a liberdade com responsabilidade”, assinalou.
Agência de checagem
O professor chamou a atenção para um novo fenômeno que surgiu, na área de comunicação, devido a toda essa invasão de conteúdos das plataformas digitais, que são as agências de checagem.
“Elas fazem a verificação se as informações disseminadas nas redes sociais, sem nenhum controle, são verdadeiras ou não. Tem um lado bom porque abre novas oportunidades no mercado de trabalho. Mas, por outro lado, é um absurdo porque não se precisa de agências de checagem, porque cabe ao jornalista fazer a checagem antes de divulgar a informação. Ou seja, é a deturpação do direito ao contraditório, que é um princípio sagrado do jornalismo”, ressaltou.
FONTE: ALEMA