O professor Celso Henrique Leite Silva Júnior, pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, concedeu entrevista, na manhã desta segunda-feira (10), ao programa ‘Sustentabilidade na Prática’, da Rádio Assembleia (96,9 FM), ocasião em que ressaltou a importância da Floresta Amazônica para o Brasil e o mundo.
Durante o programa, apresentado pelas radialistas Maria Regina Telles e Adryane Paiva, Celso Henrique Leite discorreu também sobre aspectos do monitoramento e conservação de florestas tropicais em face das mudanças climáticas que estão ocorrendo no mundo.
Graduado em Engenharia Ambiental, e atualmente professor do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação (PPGBC) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Celso Henrique afirmou que a perda de carbono florestal devido ao desmatamento e à degradação, ações causadas pelos seres humanos, estão superando rapidamente as taxas atuais de recuperação das florestas tropicais.
De acordo com Celso Henrique Leite Silva Júnior, as florestas tropicais são ecossistemas vitais na luta contra as mudanças climáticas, por isso já há importantes estudos de pesquisadores que quantificaram as taxas de recuperação de estoques de carbono acima do solo usando dados de satélite das três maiores florestas tropicais do mundo: Amazônia, da África Central e Bornéo, ilha localizada no sudeste asiático.
Segundo o professor da Ufma, que fez doutorado em sensoriamento remoto no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as florestas degradadas (que se recuperaram de ações humanas como queimadas e a extração seletiva de madeira) e as florestas secundárias (que crescem em áreas anteriormente desmatadas) removem da atmosfera anualmente 107 milhões de toneladas de carbono, na região tropical.
“Esses dados demonstram o importante valor do carbono na conservação das florestas em recuperação em todos os trópicos do planeta, mas essa quantidade de carbono absorvido no crescimento dessas florestas foi suficiente apenas para equilibrar cerca de 26% das emissões de carbono atuais devido ao desmatamento e à degradação das florestas tropicais”, frisou o professor.
Restauração
Ele acrescentou que pesquisadores também identificaram que cerca de um terço das florestas degradadas por ações humanas foram novamente desmatadas, agravando mais a vulnerabilidade da captura de carbono por elas. Durante a entrevista, o professor Silva Júnior falou ainda que, além de proteger as florestas maduras que ainda não sofreram os impactos negativos devido a ações humanas, é necessário somar esforços para garantir a restauração das florestas que foram desmatadas ou degradadas.
“A restauração florestal pode garantir a recuperação dos serviços ambientais fornecidos pelas florestas, ao mesmo tempo que traz benefícios econômicos e sociais para a população local das nações tropicais”, afirmou.
O professor Celso Silva Júnior destacou também, durante a entrevista, um trabalho de pesquisa realizado com a participação da UFMA e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“É importante observar que os resultados encontrados no trabalho conjunto da UFMA com o Inpe vão apoiar os tomadores de decisões no Brasil em estratégias nacionais de combate às mudanças climáticas, o que reforça a necessidade de as autoridades tratarem o investimento em ciência como um projeto de Estado”, ressaltou.
FONTE: ALEMA